Há um problema sério que precisa ser discutido e enfrentado: a precarização do trabalho médico através do pagamento por meio de um programa eterno de bolsas, como é o caso do Programa Mais Médicos. Essa prática tem gerado inúmeros desafios e impactos negativos na vida dos profissionais da saúde.
Um ponto importante a ser destacado é que a única iniciativa que trazia dignidade e valorização ao médico de família era o programa Médicos pelo Brasil. No entanto, até o momento, não foi lançado um novo edital e muitos colegas já foram desligados, deixando uma lacuna significativa no atendimento à saúde da população.
Ao adotar o pagamento por bolsa de estudo, cria-se uma situação de instabilidade e insegurança para os médicos envolvidos. Essa modalidade não oferece uma perspectiva de carreira sólida, sendo um entrave para a construção de uma trajetória profissional estável e para o estabelecimento de vínculos duradouros com as comunidades atendidas.
Além disso, a bolsa de estudo acaba desvalorizando o trabalho médico e desestimulando os profissionais a dedicarem suas vidas ao serviço público. A ausência de um salário digno reflete na qualidade do atendimento prestado, na continuidade do cuidado ao paciente e na capacidade de reter médicos qualificados no Sistema Único de Saúde (SUS).
Para a desprecarização da contratação, é fundamental que seja estabelecido um modelo de contratação via concurso público federal, com alocação municipal e um plano de carreira estruturado. Essa abordagem garantiria estabilidade e segurança aos médicos, além de promover a valorização desses profissionais.
Um concurso público federal possibilitaria a seleção e alocação de médicos de acordo com as necessidades reais de cada região, levando em consideração fatores como a demanda populacional, a infraestrutura de saúde disponível e a capacidade de atendimento.
Ao mesmo tempo, é necessário que haja um compromisso do governo em sustentar valores salariais justos e condizentes com a importância e dedicação necessárias para o exercício da medicina. Isso não apenas atrairia médicos qualificados, mas também garantiria a permanência desses profissionais no SUS, promovendo a continuidade e a qualidade do atendimento.
Cabe ressaltar que a valorização do trabalho médico impacta diretamente a saúde da população. Investir na construção de um sistema de saúde sólido, que conte com médicos de família bem remunerados e motivados, é fundamental para garantir o acesso universal e de qualidade aos serviços de saúde em todo o país.
Nesse sentido, é fundamental que o problema da precarização do trabalho médico seja enfrentado por meio de políticas públicas e medidas concretas que assegurem a dignidade e a valorização dos profissionais da saúde, por meio de uma contratação adequada e de um plano de carreira sólido para os médicos de família.
Somente dessa forma poderemos construir um sistema de saúde forte e resolutivo, capaz de responder às demandas da população e garantir uma assistência de qualidade a todos os cidadãos brasileiros
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