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inSUStentável: os desafios dos médicos e médicas brasileiros na Atenção Primária à Saúde

inSUStentável: os desafios dos médicos e médicas brasileiros na Atenção Primária à Saúde

A Declaração de Alma-Ata é um marco histórico importante para propagação e fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (APS). Adotada em 1978, é através dela que se estabeleceu que a assistência e acesso à saúde devem alcançar o indivíduo, a família e a comunidade exatamente nos lugares onde estão e constitui, a partir de então, primeiro nível de acesso ao sistema nacional de saúde.  Posteriormente, em 1990, a famigerada lei 8.080 determina o SUS no Brasil, o Sistema Único de Saúde. Ao longo de mais de 30 anos, este formato de de sistema consolidou-se em nosso país ao longo de amplos debates, lutas e reinvindicações. Neste espaço, porém, gostaria de pontuar alguns dos principais desafios que você, médico ou médica brasileira, com certeza já precisou enfrentar ao longo de seu tempo de exercício profissional na APS.

Um dos desafios mais prementes é a sobrecarga de trabalho enfrentada por grande parte dos colegas médicos na APS. A demanda crescente por serviços de saúde resulta em jornadas exaustivas e consultas muitas vezes rápidas, comprometendo a capacidade do médico de oferecer um atendimento mais abrangente e individualizado. Essa sobrecarga não apenas impacta a satisfação profissional, mas também influencia a qualidade do cuidado prestado aos pacientes. Essa sobrecarga pode causar estresse, fadiga e burnout nos médicos.

A escassez de recursos é outro obstáculo importante. Unidades de saúde na APS frequentemente operam com infraestrutura inadequada, falta de equipamentos e insuficiência de pessoal de apoio. Condições precárias de trabalho como instalações inadequadas ou a falta de segurança em algumas áreas também são comuns. Esses fatores não apenas afetam o nosso bem-estar, mas também podem comprometer a continuidade do atendimento, uma vez que podemos ser desencorajados ou até mesmo optarmos por deixar nossas posições devido a essas condições.

Pressões administrativas, como a necessidade de cumprir metas e seguir protocolos burocráticos, adicionam um componente adicional de estresse à rotina dos médicos na APS. Essas demandas muitas vezes desviam o foco do atendimento ao paciente, resultando em um sistema mais centrado em métricas do que nas necessidades reais dos indivíduos.

A difícil realidade enfrentada pelos médicos na Atenção Primária à Saúde no Brasil destaca a urgência de ações por parte dos gestores em todas as esferas, recaindo sobre eles toda a responsabilidade. A falta de iniciativa e investimento adequado nessas questões críticas é um reflexo alarmante do descaso com a base do sistema de saúde. É imperativo que os gestores se comprometam efetivamente em implementar políticas que promovam condições de trabalho dignas, incentivem a permanência de profissionais qualificados na APS e coloquem o paciente no centro das decisões. A ausência de ações assertivas nesse sentido não apenas compromete a saúde e bem-estar dos médicos, como também prejudica a qualidade do atendimento à população, revelando uma lacuna crítica nas estratégias de gestão de saúde no país. A transformação efetiva requer uma abordagem proativa, que priorize a valorização dos profissionais de saúde e reconheça a importância estratégica da APS como alicerce do sistema de saúde brasileiro.

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|  Autor: Maksuel S Ramalho - Médico Bolsista do Programa Médicos pelo Brasil |  Categoria: Colunas |  Postado há 569 dias |

 

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