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Wilson Drumond - Bate papo em (Medicina de) Família

Wilson Drumond - Bate papo em (Medicina de) Família

               Meus amigos,

               É com grande satisfação que inauguramos o canal em que trocaremos ideias e informações sobre Medicina de Família e Comunidade, Programa Médicos pelo Brasil, nossa Associação e vários outros assuntos pertinentes. Mais que uma honra, será um privilégio dividir este espaço com vocês.

                Em nosso primeiro contato, gostaria de abordar alguns aspectos da nossa especialidade e do programa no qual estamos inseridos. Sou médico de família há 24 anos ininterruptos. Passei por vários municípios, três estados, diferentes modelos e gestões. Venho ouvindo desde a graduação, que “o fortalecimento da atenção básica” é a solução para muitos problemas que atingem a saúde no Brasil. Muito se falou e discutiu, mas o que efetivamente foi feito nos últimos anos? Desde a oficialização do Programa Saúde da Família em 1994, passando pela mudança de nomenclatura para Estratégia Saúde da Família com a PNAB em 2006, já se vão quase três décadas. O que de fato tem sido feito para valorização e fortalecimento da especialidade? Lamento afirmar, que muito pouco.

               Vimos com bons olhos e muita esperança o anúncio de que o Programa Médicos pelo Brasil (do qual tomei conhecimento no congresso da SBMFC em Cuiabá MT, no ano de 2019) viria apresentar uma nova perspectiva de trabalho, com crescimento, educação continuada e progressão na carreira assegurados aos profissionais participantes. Seria uma alternativa muito mais interessante que o Programa Mais Médicos (do qual fazíamos parte naquele momento). Mas veio a pandemia, muitos planos foram mudados e possivelmente muita gente boa e competente deixou de participar do processo.

               O Programa Médicos pelo Brasil teve seu 1º edital lançado em 31 de dezembro de 2021 e sob a administração da ADAPS (Agência para o Desenvolvimento da Saúde Primária), os primeiros profissionais começaram a atuar em Abril do ano seguinte. Mesmo estando muito distante da situação ideal, posso afirmar que foi um grande avanço. Pela primeira vez foi apresentado um esboço de possibilidade de construção de carreira no âmbito da MFC.

               Com a mudança de governo após as eleições de 2022, percebemos que o Programa Médicos pelo Brasil deixou de ser prioridade. Ainda que seja indiscutivelmente superior ao programa anterior em todos os aspectos, passou a ser deixado em 2º plano, em detrimento do “irmão mais velho”. É legítimo e inquestionável que cada governo tenha suas preferências e priorizações de acordo com as diretrizes de seus interesses. Mas cabe a nós lutarmos por nossas carreiras e pela garantia dos direitos conquistados com esforço e investimento pessoal em tempo e estudo, verificados e aferidos quantitativamente em provas objetivas.

                As mudanças conjunturais e alguns equívocos cometidos pela 1ª gestão da ADAPS, propiciaram mudanças significativas (inclusive de nome, para AgSUS - Agência Brasileira de apoio à gestão do SUS) na agência e no próprio andamento do programa. No decorrer desse processo, a Associação dos Médicos do Programa Médicos pelo Brasil (AMpB), se consolidou como entidade representativa dos profissionais médicos participantes. É através dela que o diálogo e comunicação (reivindicações, apresentação de propostas, sugestões) com a agência e demais instituições têm sido feitos.

                Daí a importância fundamental de fortalecermos nossa Associação. Tradicionalmente, os médicos são tidos como categoria acomodada, pouco aguerrida, que muito reclama, mas cuja participação nas entidades representativas é quase nula. Talvez seja uma das razões da grande desvalorização (e até “demonização”) recente de nossa profissão. É chegado o momento de abrirmos mão da passividade que nos caracteriza e lutarmos com todas as forças pela nossa classe. Nossas armas são o trabalho bem feito e o respaldo da população a qual servimos. A medicina de família e comunidade nos propicia contato direito com nossos “clientes” e quando o profissional atua com dedicação e correção, ainda que tenha eventuais limitações e lacunas de formação e conhecimento, invariavelmente terá o respeito, apoio e até admiração de sua população. Falo com a experiência de quem atua há 16 anos (12 deles ininterruptos em uma mesma equipe) em município tido como “problemático”, por pertencer à periferia de uma grande capital, com altíssimo índice de violência e criminalidade.

                Convido você a caminhar conosco. Procure se informar sobre as ações da Associação, seja com colegas ou através dos canais oficiais. Conseguimos algumas melhorias importantes ao longo desse 1º ano de atuação. Tudo é muito difícil, à custa de muito esforço e dedicação, visto que ao contrário de outras entidades representativas, 100% da nossa diretoria é composta por médicos funcionários do programa, ou seja, todos nós (tutores ou bolsistas) temos nossas atribuições e responsabilidades com nossas equipes e demais atividades assistenciais e educativas.

                Este será um canal oficial de comunicação. Abordaremos aqui, periodicamente, vários aspectos do interesse de todos nós. Em meu nome e de toda a diretoria da Associação, me coloco à disposição para continuarmos trabalhando em prol do fortalecimento de nosso programa e defesa de nossos interesses. 

               Muito obrigado pela atenção. Juntos somos mais fortes!

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|  Autor: Wilson Drumond - Médico de família e Comunidade |  Categoria: Colunas |  Postado há 580 dias |

 

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