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QUERO SER DONA DE FARMÁCIA

QUERO SER DONA DE FARMÁCIA

e-mail enviado por mim ao Conselho Federal de Medicina em 24/03/2025, com o singelo pedido de poder fazer tratamentos odontológicos e ter uma farmácia em meu nome, em reação à crescente desvalorização da integração multiprofissional em troca de uma lógica de produtivismo vazio que ignora o mais óbvio conflito de interesses para enriquecer alguns seletos afortunados com a venda de mais Ozempic para fins estéticos.

Para quem quiser fazer o mesmo, segue local:



QUERO SER DONA DE FARMÁCIA

Sim, é isso mesmo.

Já que ninguém liga pra invasão dos atos médicos, por que a categoria médica se faz de tão rogada em reagir com olho por olho e dente por dente? Essa moralidade só serve pra nos fazerem de trouxas, violando o princípio da não-maleficência. Ninguém, além de nós, se importa: estamos nos fazendo mal com essa história de "conflito de interesses", está na hora de nos modernizarmos e riscar essa frase da nossa prática médica, ela é uma crença limitante ao nosso potencial de crescimento da conta bancária.


Nessa minha curta trajetória de médica estou vendo farmacêuticos poderem prescrever e dentistas fazerem rinoplastia. Então já que somos protagonistas dessa Festa da Fruta, vamos deixar de figurar como o nerd que se isola na parede pra mexer no celular, e vamos começar a dançar conforme a música.


Vamos fazer um grande bacanal em que eu, na minha farmácia, atendo o paciente e ofereço de brinde um clareamento dental com itens que não consigo comprar com meu CRM, além de um descontinho especial dos medicamentos comprados por lá mesmo.


Por isso, como pagante religiosa desta renomada entidade, solicito que se crie uma resolução que permita ao médico a realização de procedimentos dentários e que o mesmo possa ser dono de estabelecimento farmacêutico.

Justificativa: Como eu disse antes: ninguém se importa com o nobre raciocínio acerca dos conflitos de interesse. Se for para lucrar no mercado bilionário da estética, o Estado brasileiro funciona como um ringue de Vale-Tudo, em que uma pequena horda gritando vale mais do que valorização da prática multiprofissional e baseada em evidências.


Nessa hora, em nome do lucro de meia-dúzia, torna-se aceitável sobrecarregar as outras categorias profissionais de mais atribuições, sem um centavo a mais no salário, em nome de uma suposta "melhoria no acesso à saúde".


Portanto, sigamos o exemplo e usemos a palavrinha mágica do "acesso" pra justificar qualquer medida descabida. Dizer que está "promovendo mais acesso à saúde" está na moda junto com "Skibidi Toilet" e "burn out", essa última convenientemente esquecida quando muitos pagam o preço para que poucos lucrem.


Que os médicos tenham farmácias e façam clareamento dental também! Deixemos a nobreza de lado, afinal, quem é nobre não lucra (com Ozempic).


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|  Autor: Camila Ignacio |  Categoria: Colunas |  Postado há 134 dias |

 

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